Desatentos: estratégias para a sala de aula

Da lua para a sala de aula

A evolução da atenção conforme a idade

Manter a atenção em algo sem se distrair pelo que está acontecendo ao seu redor é uma habilidade que adquirimos conforme o nosso desenvolvimento.

Até os 6 anos, é esperado e normal que essa capacidade seja de curta duração, com inúmeras interrupções e retomadas. Os projetos ficarão inacabados se não tem um adulto por perto organizando.

Dos 7 aos 12 anos, essa habilidade já é bem maior, mas poucos conseguirão ficar mais do que 30 minutos em uma atividade com poucos estímulos (estudar, por exemplo) sem se distrair.

A partir dos 13 anos, a capacidade de focar a atenção se aproxima da do adulto. Mas não se esqueça que adolescentes são impulsivos, exagerados e questionadores, por isso, mesmo que atentos, podem ter dificuldade de valorizar o motivo de se manter em uma tarefa monótona, de longa duração e voltada para resultados no futuro. Fonte: Taylor, 2008.

Tem muitas coisas que podemos fazer para ajudar o aluno desatento.

Algumas dicas simples e práticas para a sala de aula (que valem para casa também):

Elas ajudarão quem é desatento, mas também a todos da sala.

Localização espacial na sala de aula

Deixe o aluno desatento perto de você. Assim você poderá monitorá-lo com mais facilidade. Deixe-o longe de fontes de distração como janela, corredor, fundo, etc.

Dicas externas

O aluno se distraiu e desviou o olhar para o ambiente. Se as paredes da sala de aula estiverem cheias de referências sobre a matéria ou lembretes como: “preste atenção no seu professor!”, o aluno poderá voltar mais rápido.

Não exponha

Lembre-se que o aluno não se distrai porque quer, mas porque tem dificuldade para manter-se focado. Se você quer funcionar como uma ajuda externa para reorientar o foco, seja parceiro. Não o recrimine. Não o exponha. Não o considere desinteressando ou preguiçoso.

Combine um código

Se ele se perdeu, toque na página que está sendo lida. Toque no ombro. Qualquer coisa que possa ficar entre o aluno e o professor, mas que sinalize: “volte para a nossa aula”. Não o exponha.

Fragmente atividades

Tarefas longas e monótonos são um pedido para que o aluno se perca. Atividades curtas ajudam a não perder o foco.

Não deixe perder o fio da meada

Acentue pontos chaves no discurso. Mantenha um resumo do tópico e retome várias vezes em que ponto a classe está.

Explore os outros sentidos

Quanto mais sensorial for a aula, menor a chance de que o desatento se perca. Use ilustrações, vídeos, sons, tato, piadas, etc.

Fone de ouvido, boné …

Acredite, eles podem ajudar. Funcionam como uma barreira contra as distrações do externo. Permita o uso em atividades solitárias e longas.

Ajude a controlar o tempo

Quem é desatento tem a impressão que ainda dá tempo, mesmo que não dê mais. Por isso, eles sempre deixam para o último momento. Saiba disso e ajude o seu aluno a se monitorar.

Ser desatento tem repercussão além da sala de aula?

Se eu sou desatento, eu já esqueci e perdi muitas coisas importantes. Já não me atentei aos detalhes e deixei passar possibilidades imperdíveis. Perdi prazos ou porque esqueci ou porque calculei mal o tempo. E o pior: eu continuo fazendo isso. E pior ainda: as pessoas acham que eu não dou a mínima.

Se eu sou desatento, eu não confio que eu vou dar conta de fazer algo mesmo querendo muito. As outras pessoas tendem a desconfiar de mim também. Eu já falhei antes, mais de uma vez.

Se eu sou desatento, acabo irritando as pessoas ao meu redor pelas minhas pequenas confusões do dia a dia. Perco chaves, documentos, atraso, etc.

Se eu sou desatento, o meu problema não é só tirar boas notas na escola. Preciso entender como posso me organizar, criar estratégias para diminuir os prejuízos no meu dia.

Posso ser desatento, mas tenho outras características ótimas e tenho que saber como balancear tudo isso.

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